Velório em Família

Ficção – 1 hora 30’ – CPB 08008187

Direção: Rosario Boyer – Edgar Romano


1° filme brasileiro Dogma ‘95

Elenco: Cristiane Machado- Alex Teix – Leo Pinheiro – Cecília Lage – Sônia Cardoso – Bia Kleber – Sandra Rodrygues – Fernando Silva – Arthur Chimenti – Bernardo Guimarães – Camila Rodi – Marislova Carvalho – Mayze Campos – Guil Silveira – Luis Andrarreis – Ligia Kleber- Anita Terrana – Miguel Moreira – Hélcio Hime e elenco.

Após 10 anos da assinatura do Manifesto Dogma 95, no dia 13 de março de 1995, em Copenaghem, por cineastas liderados por Thomas Vintemberg e Lars Von Trier, foram realizados mais de 100 filmes Dogma em diferentes paises. O Dogma 95 significa um resgate do verdadeiro cinema. E isso é possível, porque a forma de produção estabelecida nos seus mandamentos, desnuda completamente o filme, abrindo mão de tudo o supérfluo, que somente tem como objetivo dissimular a falta de conteúdo, deixando apenas a essência do cinema: o roteiro, os atores e o momento pelo momento.

Paradoxalmente, as limitações impostas pelo Dogma 95 conduzem à libertação. O cumprimento das 10 normas impostas obriga aos cineastas a buscar alternativas e serve de estímulo à criatividade. É um passo à frente na democratização do cinema, desde que antepõe o valor da capacidade narrativa sobre a técnica e os artifícios,

Dogma 95 propõe um cinema cru e irreverente, que procura emancipar a forma de ver e de fazer cinema,.

Trata-se de fazer um bom filme, que sustente a atenção do espectador pela boa atuação e o bom roteiro, livre de artifícios que mascaram a falta de conteúdo.

“VELÓRIO EM FAMÍLIA”, tem o orgulho de ser o PRIMEIRO FILME BRASILEIRO DOGMA’95, um marco na história do Cinema Nacional.
A direção e a produção executiva é de Rosário Boyer e Edgar Romano, ambos formados pela Faculdade de Cinema Estácio de Sá e com Registro no Stic. O roteiro foi escrito por Rosario Boyer, baseado no livro “Velório em Família – os contos que inspiraram o roteiro do primeiro filme brasileiro Dogma 95”, Editado pela AllPrint Edições, São Paulo

Roteiro

Conta a história de uma família de classe alta, que durante o velório da morte do patriarca, recebe a inesperada visita da jovem babá dos netos do defunto, que chega chorando desesperadamente dizendo aos berros que o falecido Dr Eriberto não podia tê-la abandonado, justamente nessa hora. A moça desmaia e é levada às pressas ao hospital, onde descobrem que a babá está grávida. Tendo a suposição óbvia de que o filho que a empregada espera tem o sangue do Dr Eriberto, e que terá direito a uma fatia de sua imensa fortuna ,os filhos e os genros colocam em prática um plano para neutralizá-la. Na medida em que os acontecimentos se sucedem, a cobiça faz os envolvidos mudarem seu comportamento, deixando cair por terra seus valores, convicções e, é claro, as máscaras de hipocrisia, que ostentavam orgulhosamente.

Manifesto Dogma ‘95

“Eu juro me submeter ao seguinte conjunto de regras criado e confirmado pelo Dogma 95:

  1. A imagem deve ser feita em locação. Objetos e cenários não podem se incorporados. Se um determinado objeto em particular for necessário à historia, deve-se encontrar uma locação onde tal objeto exista.
  2. O som nunca pode ser produzido separadamente das imagens e vice-versa. Música não deve ser usada a não ser que ocorra na cena que está sendo filmada.
  3. A câmera deve estar na mão. Qualquer movimento ou imobilidade é permitido, desde que seja produzido pela mão. O filme não pode passar onde a câmera esteja. A filmagem deve ocorrer onde o filme se passa.
  4. O filme deve ser em cores. Iluminação especial é inaceitável. Se há muito pouca luz para a exposição, a cena deverá ser cortada, ou uma simples e única lâmpada deverá ser acoplada à câmera.
  5. Trabalhos óticos e filtros estão proibidos.
  6. O filme não pode conter ação superficial. Assassinatos, disparos de armas, etc., não podem ocorrer.
  7. Alienação temporal e geográficas estão proibidas. Isso quer dizer que o filme se passa aqui e agora.
  8. Filmes de gênero não são aceitos.
  9. O formato final do filme precisa ser 35 mm acadêmico.
  10. O diretor não deve receber crédito.

–Além disso, juro como diretor, renunciar a meu gosto pessoal. Não sou mais um artista. Eu juro renunciar à criação de uma obra, já que considero o instante mais importante que o todo. Meu objetivo supremo é arrancar a verdade de meus personagens e cenários. Prometo fazê-lo por todos os meios a minha disposição e ao custo de qualquer bom gosto e considerações estéticas. Portanto faço aqui meu voto de castidade”.

Copenhague, segunda feira, 13 de março de 1995.

Lars Von Trier e Thomas Vinterberg.